A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (Susam), recebeu, na sexta-feira (29/12), a notificação de dois casos confirmados e mais dois suspeitos de Doença de Chagas Aguda de Transmissão Oral procedentes do município de Lábrea, distante 702 quilômetros de Manaus.
Os dois pacientes com diagnóstico confirmado fazem acompanhamento ambulatorial na Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), em Manaus. A FVS-AM e a Secretaria Municipal de Saúde de Lábrea (Semsa-Lábrea) investigam se a doença foi contraída por meio do consumo de açaí contaminado.
Além de apresentarem os mesmos sintomas dos pacientes com diagnóstico já confirmado, as duas pessoas com suspeita da doença também relataram histórico de ingestão de açaí recentemente. Elas estão sendo acompanhadas pelas autoridades locais de saúde.
A Doença de Chagas Aguda de Transmissão Oral é uma doença infecciosa grave, causada por um protozoário conhecido por Trypanosoma cruzi, que é transmitido pela ingestão de alimento contaminado com os parasitas presentes nas fezes dos insetos vetores, chamados de barbeiros.
Investigação – A FVS-AM iniciou a investigação dos casos já confirmados, e recomendou à Semsa-Lábrea que, por meio da Gerência Epidemiológica, realize a busca ativa de outros possíveis doentes no município.
De acordo com a diretora-técnica da FVS-AM, Rosemary Costa Pinto, além da vigilância epidemiológica, está atuando na ação de contenção da doença a vigilância sanitária municipal e entomológica.
“Após a notificação dos primeiros casos da doença, os fiscais de vigilância sanitária municipal foram ao local, no qual era produzido o açaí e fizeram a inspeção sanitária para verificar as condições de higiene, e também o trabalho de captura dos triatominios, insetos vetores da doença”, informou Rosemary.
Segundo informações da Semsa-Lábrea, foram coletadas amostras da produção de açaí que serão encaminhadas para análise no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-FVS) para confirmação da presença do vetor no produto.
Transmissão – Entre as formas de transmissão mais comuns da doença estão a oral, pela ingestão de alimento contaminado com os parasitas; da mãe para o filho de forma congênita e transfusões de sangue.
Sintomas – Os doentes podem apresentar um quadro de febre constante, inicialmente elevada, diarreia, vômito, dores de cabeça e musculares. Casos complicados podem evoluir com manifestações cardíacas, além do comprometimento do fígado e baço.
O diagnóstico precoce e o tratamento imediato previnem as formas crônicas da doença e a ocorrência de óbitos. A FVS-AM realiza de forma sistemática o treinamento dos microscopistas da malária para que também realizem o diagnóstico oportuno para Chagas.
A principal forma de prevenção é evitar que o inseto forme colônia nas frestas de telhado e parede. Além disso, no caso de consumir produtos in natura, é necessário conhecer bem a procedência. O tratamento da doença é disponibilizado em todas as unidades da rede pública de saúde.
A FMT-HVD informou que, após avaliação, verificou-se que não havia necessidade de internação dos dois pacientes que foram encaminhados de Lábrea para a unidade com Doença de Chagas. Os dois foram atendidos na sexta-feira (29) e seguem acompanhados ambulatorialmente pela equipe médica da fundação.
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