Pode ser “maceta” ou “gitinho”, com escamas ou “liso”, não importa o formato: grande parte do pescado que chega aos portos de Tefé, Santo Antônio do Içá e Fonte Boa, no Amazonas, passa pelos olhos do Instituto Mamirauá. O acompanhamento do desembarque pesqueiro é realizado diariamente pelo instituto desde 1992 e gera dados interessantes desse setor econômico movimentado por uma paixão dos amazonenses: o peixe. Lançado recentemente pelo Instituto Mamirauá, o Boletim do Desembarque Pesqueiro do 1º semestre de 2018 traz um panorama rico e atual da atividade pesqueira na região. Acesse aqui a versão digital do boletim e confira.
O Boletim de Desembarque Pesqueiro é uma publicação financiada pela Fundação Gordon and Betty Moore.
Boletim mostra a diversidade da fauna de peixes no Amazonas
Tucunaré, pirarara, curimatá, acari-bodó e pacamum estão entre as variedades desembarcadas nos municípios amazonenses mencionados. O Boletim de Desembarque Pesqueiro contabilizou 85 categorias de peixes que circularam nas três cidades.
Em Tefé, que já foi apontado como o lugar onde mais se consome peixe no país, o tradicional jaraqui de escama grossa foi a espécie favorita, representando quase metade (46,22%) do total desembarcado no primeiro semestre desse ano. Já em Fonte Boa e Santo Antônio do Içá, o pirarucu liderou as preferências de mercado.
No total, 1.021.659 quilos (kg) de peixes chegaram aos comerciantes e consumidores locais.
Tambaqui e dourada são os peixes mais valorizados e acari-bodó o mais barato
O valor médio de venda e o preço de cada tipo de peixe por quilo também foram levantados pelo diagnóstico do Instituto Mamirauá.
Na primeira metade do ano, o filé de tambaqui teve o maior valor médio de mercado em Tefé, com R$ 10,31. Em Fonte Boa, esse posto foi da dourada, atingindo o preço de R$ 12,22 por quilo. Nos dois municípios, o acari-bodó foi o peixe cujo preço da carne foi mais barato, não chegando a R$ 1,50 o quilo.
Os preços de peixes em Santo Antônio do Içá não foram divulgados nessa edição do boletim.
Como é feito o monitoramento
Para registrar os números pesqueiros da região, o Instituto Mamirauá tem coletores treinados trabalhando todos os dias nos portos da região. São anotados dados como produção mensal, preço médio de venda, principais áreas de origem do pescado e apetrechos utilizados pelos pescadores.
As informações são fornecidas pelos próprios pescadores, associações e colônias de pesca, revendedores e também por frigoríficos das cidades, que recebem parte da produção.
O monitoramento do desembarque pesqueiro é desenvolvido desde os anos 1990 em Tefé e, desde o ano passado, também é feito em Santo Antônio do Içá e Fonte Boa.
“O monitoramento do desembarque pesqueiro do Instituto Mamirauá representa um grande esforço para retratar a real produção pesqueira do médio e alto curso do Rio Solimões”, destaca a equipe do Programa de Manejo de Pesca (PMP) do instituto, responsável pelo trabalho de monitoramento e produção do boletim.
“Tais informações, ao longo do tempo, são de extrema importância para a gestão da pesca. Sua divulgação tem o papel de demonstrar a importância da pesca artesanal. Visa a atender as necessidades dos diferentes segmentos envolvidos com a pesca local e embasar as medidas de gestão dos seus recursos pesqueiros”, complementa a equipe técnica do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Foto: Laís Maia