Morre Klinger Araújo, o furacão do boi

O coração de um dos mais populares artistas de boi bumbá parou nesta terça, dia 29 de setembro de 2020, por volta de 12h

O coração de um dos mais populares artistas de boi bumbá parou nesta terça, dia 29 de setembro de 2020, por volta de 12h. Klinger Araújo, de 51 anos de idade, morreu em consequência de contaminação do coronavírus (covid-19). Ele estava internado em leito de UTI do hospital Samel desde o dia 13, onde venceu a doença, mas teve complicações renais e não resistiu.

O Furacão do Boi, ou simplesmente Mestre, como tratava as pessoas e como era conhecido entre os amigos, é considerado um dos responsáveis pela explosão da toada de Parintins na década de 1990, em Manaus.
No fim da década de 1980, recém-chegado do interior e com passagem pela rádio Alvorada FM, que ajudou fundar em dezembro de 1986, na capital, locutor da rádio Difusora, após passagem pela rádio Cidade, Klinger conseguiu tocar em seu programa toadas que recebia de amigos que gravavam em Parintins os ensaios de Garantido e Caprichoso.
Àquela época, os bois ainda não haviam gravado nenhum disco, mas ele tocava fitas k7 gravadas sem qualidade.
Dessa experiência, nasce o cantor Klinger Araújo, até então locutor, imitador, que reúne toadas as habilidades que possuía e passa a se diferenciar dos demais cantadores de boi da época.

Imitações
A veia de imitador acompanhou Klinger Araújo em todos os momentos de sua vida artista.
Como todos os imitadores, começou fazendo Silvio Santos, porém, já cantando e atuando nos palcos, passou a imitar outras famosos.
Mas suas imitações preferidas eram Zezinho Corrêa e Nunes Filho, performances para as quais se empenhava dançando e cantando para ressaltar as principais marcas dos dois.
Nos últimos meses, apostando num artista ainda mais performático, Klinger se preparava para cantar a música “We are the world”, imitando as vozes dos 45 artistas norte-americanos que participaram gravação, em 1985.
Os ensaios para isso já haviam começado, mas foram interrompidos pela Covid-19.

Família
Klinger Araújo sonhava ter uma família de artistas.
Tanto que colocou nos palcos, ainda com cinco anos de idade, o filho Klinger Júnior, que, já adulto, distanciou da música, dedicando-se a outras atividades.
Mas ele insistiu e no fim do ano passado inscreveu o filho para participar da seleção de artistas do Boi Manaus 2019.
Klinger Júnior não apenas venceu a disputa, mas também acabou criando um problema para o pai.
É que uma de suas adversárias foi sua madrasta, a cantora Vanessa Alfaia (29 anos).
A outra aposta de Klinger é sua filha Iandiara, de 8 anos de idade, que ele, sempre que podia, colocava-a em seus shows.

Flauta
Outra paixão de Klinger era sua inseparável flauta. Para onde ia, ele levava o instrumento.
Entre as grandes apresentações que fez com a flauta, está a abertura do Teatro da Vida, espéculo que o também já falecido cantor Arlindo Júnior fez no Teatro Amazonas, em abril de 2017.
Idealizador e fundador do #Toadas

No fim de 2016, com o arrefecimento do movimento bovino em Manaus e falta de renda dos artistas em Manaus, Klinger começa a discutir com outros artistas a criação de um movimento para recolocar a toada no mercado.
Surge a ideia de comprar horário de rádio e TV, mas, sem recursos, a ideia evolui para a utilização da Internet como meio de propagação do ritmo dos bumbás.

Nasce, então, o #Toadas, inaugurado por ele, juntamente com Neil Armstrong, Juliano Santana Petro Velho e Neuton Corrêa, no dia 31 de dezembro de 2016.
Klinger ainda participa de mais duas edições do programa e resolve criar o seu próprio espaço nas redes sociais.
As duas experiências puxam um enorme movimento e o movimento bovino volta a se reaquecer em Manaus.

*Com informações do BNC amazonas