Iniciado em 2015 na Escola Estadual Nazira Litaiff Moriz, no bairro de São João, o projeto agrega várias disciplinas em torno de um mesmo tema que é a questão afro. No dia 13 de maio do ano de 2020, o projeto interdisciplinar Afro Nazira completou um quinquênio de existência. O criador, autor e coordenador do projeto, o professor de História Afrânio Pereira de Oliveira, propôs esse projeto em 2015, que teve como título principal o nome Afro Nazira 2015, e como eixo temático: “A exploração escravista no Brasil e suas diversas facetas, desde o período colonial até a atualidade”.
A 1ª edição do projeto que foi realizado em três etapas.
A primeira etapa ocorreu no dia 13 de maio, mês que se comemora o fim da escravidão com a promulgação da lei áurea de 1888. A segunda etapa aconteceu com atividades de exposição de filmes alusivos ao tema, produções textuais, artigos de opinião e pesquisas direcionadas pelos docentes aos alunos. E na terceira e última etapa houve a culminância do projeto com um evento realizado na quadra poliesportiva da escola, com apresentação dos trabalhos realizados pelos estudantes.
A programação aconteceu no dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra.
O projeto teve a sua segunda edição no ano de 2016, e a terceira edição, em 2017. Na ocasião o professor Afrânio Pereira foi convidado a receber o prêmio “Gente que faz”, organizado pela Secretaria Municipal de Cultura e Comunicação para premiar os trabalhos e projetos de suma relevância para o município tefeense, em várias áreas como: comércio, turismo, saúde, cultura, política e educação.
O evento foi realizado no dia 15 de dezembro de 2017, no Grêmio Recreativo de Subtenentes e Sargentos de Tefé (GRESSTE). Durante a programação participaram grande parte da comunidade tefeense e convidados para a entrega das premiações.
O projeto interdisciplinar Afro Nazira tem ganhado uma amplitude ímpar em relação ao tema afro na cidade, uma vez que o autor tem sido convidado para palestrar sobre as atividades inerentes ao projeto na Universidade do Estado do Amazonas (UEA), na mesa redonda intitulada “O ensino de História e cultura afro-brasileira em Tefé: Prática, limites e conquistas”, no evento “Diálogos interdisciplinares – Educação em Debate”, que foi realizado no dia 19 de maio de 2017, no Centro de Estudos Superiores de Tefé.
O Afro Nazira tem agregado e favorecido ainda outras disciplinas além da História, inclusive, com méritos reconhecidos no tema afro, e até premiativos, advindo da própria UEA, como um trabalho feito pelos acadêmicos pibidianos de Geografia sobre a Costa do Marfim, no ano de 2019. Isso mostra um desempenho altamente positivo junto aos estudantes e participantes do projeto, visto que, qualquer docente ou discente pode trabalhá-lo de acordo com sua criatividade na questão afro dentro de um eixo temático.
A Escola Estadual Nazira Litaiff Moriz, representada na pessoa do professor Afrânio Pereira de Oliveira, está por assim dizer, de parabéns pela iniciativa de tal projeto na área da educação. O que vem servindo de exemplo e norte para outros projetos, com a mesma estrutura, na questão afro, disseminadas nos dias de hoje, como se vê também em outras instituições escolares do município.
O PROJETO AFRO NAZIRA E O CASO GEORGE FLOYD
O caso de George Floyd, morto por policiais brancos, é mais um triste caso que só aumenta mais ainda as estatísticas absurdas da ignorância preconceituosa e racial que ainda persiste na sociedade moderna.
“Num momento crucial em que o mundo enfrenta uma pandemia do novo coronavírus, tem também que, lamentavelmente, conviver em pleno século XXI com a arcaica ignorância e o truculento e descabido preconceito e racismo por pessoas insensíveis ao próximo e estúpidos de caráter”, sublinha o professor Afrânio Pereira.
A morte de George Floyd, no dia 25 de maio, em uma brutal prisão gravada em vídeo, provocou uma onda de protestos contra o racismo que atravessou fronteiras e desencadeou reformas policiais imediatas em vários estados do país norte americano (EUA), bem como a derrubada de monumentos associados a abusos em países como o Reino Unido e a Bélgica.
Floyd se tornou um ícone súbito de um mundo instável, atacado pela brutal crise do coronavírus.
É nesse momento propício que vem à tona a temática tão abordada pelo projeto Afro Nazira, que o educador e historiador, Afrânio Pereira, há cinco anos já trabalhava de maneira eficientemente educadora com a comunidade da escola Nazira Litaiff.
“Entendendo que, sob o preconceito, e sem ouvir o outro, ficamos fechados a nós mesmos e a construção social do conhecimento não ocorrerá, e muito menos a noção sociológica e igualitária de raças. Assim, o propósito maior do projeto Afro Nazira é criar um ambiente de construção coletiva do conhecimento, com respeito pelo ser humano e pela opinião divergente, numa relação mais dialógica e fraterna”, enfatiza o professor Afrânio Pereira de
Oliveira.
Instituição educacional: Escola Estadual Professora Nazira Litaiff Moriz. *Devido ao horário avançado da programação na noite da entrega dos prêmios, nem todos os agraciados da noite foram premiados. No caso da escola Nazira, a instituição organizadora do evento ficou de enviar o troféu para a escola.
Por Augusto Gomes / Fotos: Divulgação