“Quero abrir um parêntese para dedicar neste dia em especial algumas palavras aos meus amigos e amigas profissionais da educação. A dura, mas gratificante, tarefa de ensinar não pode ser entregue a alguém que nela se envolva apenas por falta de opção profissional, por comodismo ou visando auferir ganhos e vantagens em um concurso público. Faz muito tempo que a escola deixou de se comportar como mera transmissora de conhecimentos e passou a ser facilitadora da aprendizagem, onde o estudante é um ser ativo e participante de uma dialética centrada no processo de ensino/aprendizagem. No atual contexto da educação no Estado, o professor orienta o contorno da aprendizagem com participação real e a interação entre o educador e o educando, empregando todos os contornos que possibilitam a criticidade e reflexão dos conhecimentos com enfoque na construção e reconstrução do saber. Os investimentos em tecnologia e plataformas que facilitam o ensino à distância, os recursos destinados pela nossa administração à infraestrutura escolar, à readaptação e reforço do currículo básico, ao aprimoramento na formação dos recursos humanos e na valorização da carreira do magistério, com aumento efetivo de salários e progressão funcional tanto na capital quanto no interior, juntamente com o esforço pessoal diário e a competência de cada um de vocês, professores e pedagogos, são alguns dos fatores que influenciam a qualidade exemplar da educação hoje no Amazonas, Estado que mais investe nessa área em todo o Brasil.
Sabemos que ainda falta muito para alcançarmos a excelência, mas um sistema tão complexo que lida com um arcabouço cultural tão diversificado não se constrói da noite para o dia. É preciso aliar forças para que isso aconteça, buscando todas as oportunidades em busca da criatividade, pois a educação tem por intenção a humanização do homem. Podem me chamar de sonhador, mas tenho em mente que os professores exercem um papel insubstituível no processo da transformação social, independente dos computadores cada vez mais potentes e cheios de informação. Me desculpem os tecnicistas, mas para mim, a docência vai muito além do que somente dar aulas, ela constitui fundamentalmente a atuação de cada um de vocês na sala de aula, onde acontece a prática social. Ser professor não se baseia apenas em ter racionalidade técnica ou habilidade na capacidade de decidir, produzindo novos conhecimentos para a teoria e prática de ensinar. Não. O professor do século 21 deve ser um profissional da educação que elabora com criatividade conhecimentos teóricos e críticos sobre a realidade. Nessa era da tecnologia, os professores devem ser encarados e considerados como parceiros/autores na transformação da qualidade social da escola, compreendendo os contextos históricos, sociais, culturais e organizacionais que fazem parte e interferem na sua atividade docente. Cabe então a cada um de nós, e eu peço permissão para incluir-me como velho educador que sou, a tarefa de apontar caminhos institucionais (coletivamente) para enfrentamento das novas demandas do mundo contemporâneo, com competência do conhecimento, com profissionalismo ético e consciência política. Só assim, estaremos aptos a oferecer oportunidades educacionais aos nossos estudantes para construir e reconstruir saberes à luz do pensamento reflexivo e crítico entre as transformações sociais e a formação humana, usando para isso a compreensão e a proposição do real, sem se deixar seduzir pelos caminhos deslumbrantes dos anúncios publicitários, pelas opiniões tendenciosas da mídia. Obrigado a cada um de vocês e um forte abraço”.
José Melo de Oliveira
Governador do Amazonas