A renda com a pesca manejada de pirarucu aumentou cerca 8% em 2014, comparando com o ano anterior, totalizando faturamento bruto para os pescadores de R$ 2.604.069,75. A informação foi reunida pelo Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá, e consta no relatório do manejo de 2014 entregue ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no dia 02 de março. Foram beneficiados 1.351 pescadores, de nove sistemas de manejo. Duas áreas não realizaram a pesca em função do elevado nível d’ água na região.
Pelo mesmo motivo, a cota autorizada pelo IBAMA, de 11.910 peixes, não foi atingida. Foram capturados 8.307 pirarucus, ou seja, 69,7% da autorização recebida pelos grupos de manejo. “Apesar da cota geral não ter sido alcançada, em 2014, a equipe técnica avaliou que os grupos apresentaram desempenho satisfatório, na maioria das etapas do manejo. O que significa o cumprimento dos calendários de reunião e vigilância, o respeito ao zoneamento proposto para a área, a realização da contagem, o empenho na captura mesmo diante de condições ambientais adversas, o monitoramento da produção e a distribuição dos rendimentos, o que possibilita que as quotas de alguns grupos se elevem”, disse Ana Cláudia Torres, coordenadora do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá.
Em 2014, a safra resultou na pesca de 484.903 quilos de peixe. Desse total, foram negociados 484.203 quilos. Dessa produção, 63,6% foi comercializada na categoria inteiro eviscerado, 35,3%, inteiro e 1,1% em Manta Fresca. A média de peso dos pirarucus capturados foi de 58,4 kg e a média do comprimento foi de 181,3 cm. A maior parte da produção (74,4%) foi comercializada no mercado local (Tefé e Maraã) e 25,6 % da produção no mercado regional (Manaus, Manacapuru, Iranduba e Parintins). O preço médio obtido foi de R$ 5,38/kg, gerando um faturamento bruto médio por pescador de R$ 1.927,51, variando entre R$ 53,17 e R$ 8.890,00. O novo pedido de quota para 2015 totaliza 12.675 peixes, que representa um acréscimo de 765 peixes, em relação ao ano de 2014.
Além dos benefícios econômicos, o manejo também propicia uma melhor estrutura de organização entre os pescadores. “Mudou muita coisa. Primeiro ninguém tinha essa união que tem agora, pescando todo mundo junto. Cada um pescava para si e tirava aquele pouquinho. Agora melhorou muito porque todo mundo tá unido, pescando tudo junto, uma união muito maravilhosa. A gente tem respeito uns com os outros. Antigamente não tinha esse negócio de manejo. Agora estou achando bom, bom mesmo”, relatou o pescador João Bosco Vicente.
Atualmente, o Programa de Manejo de Pesca assessora 11 grupos de pescadores, que atuam em sistemas de lagos, distribuídos nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, e em seu entorno, na região do médio Solimões. A assessoria técnica estende-se a 40 comunidades ribeirinhas, três colônias e um sindicato de pescadores dos municípios vizinhos (Tefé, Alvarães e Maraã), totalizando 1.537 pescadores.
Edição: Eunice Venturi.