Estiagem ameaça deixar Sul do Amazonas em estado de alerta

O Sul do Amazonas está em alerta. Alguns dos municípios já cogitam acionar a Defesa Civil do Estado devido aos danos causados pela descida dos rios, alta temperatura e níveis de umidade do ar bem abaixo do indicado. Segundo previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em 2011, a região deve ter o verão mais quente da história do Estado.

Embora o calor seja intenso na capital do Estado, os municípios do Sul do Amazonas são os mais atingidos pelo verão amazônico. A prefeita de Boca do Acre (a 1.028 km de Manaus), Maria das Dores Oliveira (PR), contou que a última precipitação na cidade ocorreu há quase um mês.

A falta de chuvas interfere na vida dos estudantes ribeirinhos. Segundo Maria, os alunos que estudam em escolas próximas ao Rio Purus têm dificuldades em chegar às escolas. “Parte deste trecho está praticamente seca. Os alunos precisam empurrar a embarcação que os leva até a escola, pois há áreas onde é impossível navegar”, contou. Além disso, a merenda escolar tem demorado para chegar às escolas, já que as remessas precisam ser deslocada de carro até o Rio Branco, no Acre, para então retornar para o município.

No ano passado, a seca recorde deixou vários municípios sem água potável. Por enquanto, o problema ainda não afetou Boca do Acre. Ainda assim, o Executivo Municipal afirmou estar atento às condições da cidade com o avançar do período de estiagem. “Já entrei em contato com a Defesa Civil caso a situação piore e seja preciso declarar estado de alerta”, declarou a prefeita.

A agricultura é outro setor que acumula prejuízos com a seca. Em Humaitá (a 590 km de Manaus), as maiores perdas podem ocorrer nas plantações de arroz, prejudicadas pela baixa umidade. “Nossa vegetação é típica do serrado e, quando juntamos isso com o ar seco e as altas temperaturas, o resultado é a ocorrência de incêndios nessas áreas”, destacou o prefeito do município, José Cidenei (PMDB).

O prefeito disse ainda que o número de pessoas hospitalizadas por problemas respiratórios em Humaitá tem aumentado desde o fim de julho. “As unidades de saúde estão lotadas de pessoas com dificuldade para respirar. Há filas para serviços como inalação”, declarou.

O mês de agosto será o mais quente da história do Amazonas. A afirmação é da chefa do Inmet, Lucia Gulart. Ela contou que esta quarta-feira (11) registrou recorde de baixo nível de umidade relativa do ar, com apenas 33%. A queda do índice é preocupante. “A baixa umidade inibe a formação de nuvens, o que aumenta a temperatura ainda mais”, explicou ela. Ainda segundo Lucia, o interior do Estado será mais afetado que a capital. A previsão é de níveis de umidade próximos a 21%. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o nível ideal de umidade do ar é de 70%.

A especialista ainda alerta para os problemas de saúde causados pela seca. Segundo ela, os baixos níveis de água aumentam o risco de contaminação por bactérias e vermes. “Nem todos têm acesso a água potável, então bebem diretamente dos rios. Essa atitude causa diversos problemas no sistema digestivo”, explicou. Lucia afirmou ainda que ressecamento da pele e aparecimento de manchas pelo corpo são comuns durante os rigorosos verões amazônicos “Bastante água e protetor solar são os ingredientes certos para evitar a desidratação”, sugeriu.

Fonte: Portal Amazônia