Governador anuncia mais R$ 5 milhões em auxílio às vítimas da cheia no Estado

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O governador José Melo anunciou que o Governo do Estado vai destinar mais R$ 5 milhões em auxílio às famílias vítimas da cheia deste ano. O anúncio foi feito durante reunião com o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, nesta segunda-feira (18 de maio), na sede do Governo, na zona oeste de Manaus. Ele e o ministro embarcaram no início desta tarde para o município de Anamã, no baixo Solimões, para verificar a situação da cidade, que teve decretada situação de emergência.

No total, 24 municípios do Amazonas se encontram em situação de emergência e Boca do Acre está em estado de calamidade, decretada pela Defesa Civil do Estado. Desde o início da enchente, o Governo do Amazonas já destinou R$ 30 milhões para minimizar os efeitos da subida dos rios no interior do Estado e atender as mais de 30 mil famílias atingidas pelo fenômeno. Do volume de recursos destinados, segundo o governador, R$ 2 milhões foram repassados diretamente aos municípios mais atingidos.

José Melo destacou a importância do retorno do ministro ao Estado e auxílio prestado pelo Governo Federal, que já vem atuando em parceria com o Governo do Amazonas no envio de suprimentos para as cidades mais afetadas pela cheia. “Quando estávamos com o problema nos altos rios, o ministro veio e nos ajudou com o envio de uma série de materiais, desde colchões a água mineral. O ministro retornou agora para ver como está a nossa realidade no baixo rio”, disse o governador.

Ao todo, o Governo Federal enviou a 11 municípios das calhas do Juruá e Purus 5.850 cestas básicas, 2.050 colchões, 1.450 kits de higiene e quatro mil garrafões de água mineral. Outras nove cidades do Alto Solimões também já estão recebendo auxílio federal. No início do mês de março, o ministro Gilberto Occhi visitou o município de Eirunepé, na calha do rio Juruá, onde pode ver de perto a situação das famílias naquela localidade.

 Occhi explicou que o objetivo da nova visita é levantar as principais demandas dos novos municípios afetados. “As nossas equipes hoje vão se reunir para que sejam levantadas as necessidades dessas famílias, para que o Governo Federal possa prestar apoio. Nós vamos enviar além dos kits de higiene, madeira, combustível e o que mais for necessário para a logística fazer chegar esse tipo de ajuda”, afirmou.

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Anamã recebe 7,5 toneladas de ajuda humanitária durante visita técnica do governador José Melo

O município de Anamã (a 165 quilômetros de Manaus) recebeu nesta segunda-feira, 18 de maio, a primeira etapa da ajuda humanitária para as famílias afetadas pela cheia. Durante visita técnica realizada pelo governador José Melo e pelo ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, no início da tarde, o equivalente a 7,5 toneladas de mantimentos, como água potável, purificadores, colchões e rede para dormir, foram entregues para distribuição pela Defesa Civil do Estado.

Em reunião com o prefeito Jecimar Pinheiro e vereadores do município, o governador apresentou o plano de ações emergenciais para Anamã. Na próxima fase de ajuda, o município será beneficiado com as cestas básicas, medicamentos e madeiras. José Melo e Gilberto Occhi sobrevoaram a cidade e percorreram de barco alguns trechos inundados. Em conversa com a população, no porto, o governador anunciou a programação montada para atender as famílias que sofrem com a cheia.

Além do socorro imediato, ações de médio prazo estão em estudo para resolução permanente. A principal delas é a transferência da cidade para uma região mais alta. Durante o pico da cheia deste ano, uma das áreas territoriais que pode abrigar a nova sede administrativa será analisada pela Prefeitura de Anamã e pelo Governo do Estado. A realização do projeto inclui a obtenção de recursos com o governo federal e financiamentos.

“Em médio prazo estamos com projeto para aumentar o piloto (altura) das casas, fazer mais altas para que mesmo com a enchente elas não possam ser alagadas. Tem um pleito do prefeito sobre um terreno próximo e vamos fazer um teste para que, se for o caso, transferir a cidade para lá. O povo de Anamã tem o hábito de morar próximo da água. Essa é uma cidade consolidada, imagino que eles não queiram sair daqui, mas precisamos encontrar uma solução que seja definitiva”, destacou Melo.

O governo amazonense também pretende inibir a construção de moradias em áreas alagáveis, como margens de igarapés e zonas nas proximidades de rios que anualmente são cobertas pelas águas. Além de uma futura remoção de famílias para outras regiões, será desenvolvido um trabalho de sensibilização da população para as condições de risco. A ocupação dessas áreas tem sido fator preponderante no aumento dos prejuízos com a cheia em todo o Estado.

“A primeira coisa a fazer é a conscientização. Não se deve construir em área que vai dar problema. Em médio prazo é conseguir recursos externos, do Banco Mundial, Confederação Andina de Fomento e até recursos federais para remover famílias dessas áreas e construir onde não alaga. O exemplo disso é o que vamos fazer no Cacau Pirera”, disse o governador. No distrito de Cacau Pirera, em Iranduba, o projeto do Governo Estadual prevê remoção das casas para construir no lugar um complexo social e esportivo.

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Situação atual do município – Anamã é o 25° município amazonense a ter a situação de emergência reconhecida pelo governo federal. A cidade está completamente inundada, inclusive as 18 comunidades rurais. Segundo a Defesa Civil municipal, mais de 8,3 mil pessoas estão sendo afetadas. Além da alagação das casas, a atividade agrícola está paralisada por conta da elevação do nível da água.

O carpinteiro Pedro Veras Garcia, 70, trabalhava nesta segunda-feira na obra de elevação do assoalho da sua residência. A maromba é uma estratégia para fugir da água, que já tomou conta de todos os cômodos. Móveis e eletrodomésticos foram transferidos por Pedro para a casa do filho que tem dois pisos.

“A situação está muito difícil. Está 100% alagado. E a produção a gente colheu só pela metade”, conta o agricultor José Augusto Nascimento, que também está adaptando sua casa ao nível elevado do rio.

Segundo o ministro da Integração Nacional, a questão climática tem gerado preocupações em todo o Brasil. No Amazonas, a avaliação é que a cheia tem se acentuado a cada ano. Occhi afirmou que mais verbas serão destinadas para as ações de socorro no Estado a partir do plano de contingência. No início do ano, o ministro esteve com Melo em Eirunepé para conhecer os prejuízos. A previsão é que nos próximos meses municípios como Anori, Caapiranga, Manacapuru, Itacoatiara e Barreirinha também sofram com a subida das águas.

Renegociação de dívidas – Entre as medidas do governo federal para o Amazonas, Gilberto Occhi anunciou que haverá renegociação de dívidas dos produtores com bancos e agências de financiamento federais e a liberação do FGTS de trabalhadores das cidades com a situação de emergência decretada. As prefeituras serão responsáveis por comunicar os bancos.

“Os bancos federais Caixa, Banco do Brasil e Basa têm uma estratégia de atender no Brasil inteiro todos esses municípios em situação de calamidade. Estamos trabalhando da mesma maneira como trabalhamos no Acre e em Santa Catarina, que as famílias, ou pessoas físicas e jurídicas, renegociem suas dívidas com os bancos e, principalmente, que o trabalhador que tem recursos no Fundo de Garantia possa usar para reestabelecer o que perdeu”.

Em todo o Estado, a estimativa do Governo do Amazonas é que R$ 18 milhões sejam aplicados nas ações emergenciais coordenadas pela Defesa Civil. Desse total, cerca de R$ 5 milhões foram aplicados em parceria com o governo federal.

Fotos: Roberto Carlos e Herick Pereira/Secom