ICMBio distribui cestas de alimentos para combater efeitos da seca na Amazônia

O governo federal repassou 672 das mais de 10 mil unidades previstas para atender comunidades isoladas pela seca no Médio Solimões. Fotos: Soares Porto

Diante dos impactos severos da seca na região amazônica, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), planeja distribuir 150 mil cestas de alimentos para as populações ribeirinhas das unidades de conservação do Norte do país. A entrega feita no período mais crítico da estiagem busca garantir a segurança alimentar das populações tradicionais, por meio de uma distribuição eficiente dos alimentos para comunidades que estão isoladas na região pela baixa navegabilidade dos rios.

A solicitação para o envio das cestas foi feita pelo ICMBio diante dos impactos da escassez hídrica sobre as populações locais. Ao todo, serão mais de 36 mil famílias atendidas, cada uma receberá quatro cestas básicas.

Com a falta de chuva e o prolongamento da seca, os rios da Bacia do Rio Amazonas registraram níveis cada vez menores. Os rios Solimões, Acre e Madeira atingiram, em setembro, os menores marcos históricos, segundo o monitoramento do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Cada um deles possui um referencial próprio de medição de nível, mas as baixas são históricas em todos.

“Neste ano, a seca está mais intensa e severa. A região enfrenta um regime de anormalidade da variação sazonal dos rios, com baixa navegabilidade na maior parte dos acessos às Unidades de Conservação”, afirma Claudia Sacramento, analista ambiental e coordenadora de emergências climáticas e epizootias do ICMBio.

As populações tradicionais nas Unidades de Conservação do Amazonas estão cada vez mais vulneráveis, isoladas e com dificuldades para obter alimentos e água tratada. Em Tefé, no Médio Solimões, nenhuma das embarcações de linha consegue acessar o porto da cidade, já que o braço do rio Solimões, que leva ao Lago Tefé, atingiu o nível mais baixo já registrado.

“Dos 45 anos que vivo aqui, nunca tinha visto uma seca como essa. Com a água diminuindo fica difícil fazer as viagens para a cidade. Eu saio da comunidade de canoa de manhã e chego em Tefé só no dia seguinte, tudo isso para comprar um quilo de arroz e comida”, conta Raimundo de Azevedo, morador da comunidade Boa Vista do Rio Tefé.

Segundo Raimundo, o kit de tratamento emergencial de água e as cestas de alimentos são essenciais para garantir a segurança alimentar e água potável para a comunidade. “O que está diferente é a mudança do tempo, eu nunca tinha visto essa temperatura. Precisamos também de uma unidade de emergência de saúde aqui na comunidade, às vezes acontecem situações mais graves e com a seca não tem o que fazer”, conta.

O impacto na logística e no transporte fluvial fez com que os preços de produtos e serviços na região subissem consideravelmente, dificultando ainda mais a vida das comunidades. “Embarcações maiores não conseguem acessar as comunidades. O acesso se dá apenas em canoas pequenas com motores tipo rabeta, que mesmo assim apresentam dificuldade”, diz Sacramento.

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A entrega de alimentos e água para essas comunidades está sendo realizada exclusivamente por via aérea, com o apoio da Petrobras. A empresa, que já havia colaborado durante a Emergência Botos Coari em 2023, se dispôs a auxiliar novamente. A Petrobras também auxilia com o monitoramento à fauna aquática da região por meio de drones. “Desde o início a Petrobras entendeu que era preciso fazer parte da solução, sendo coerente com nossos valores de proteção dos direitos humanos. Estamos sempre atentos às possibilidades de colaborar com a sociedade brasileira”, afirma a Gerente Geral de Licenciamento e Meio Ambiente da Petrobras, Daniele Lomba.

Inicialmente, em julho, apenas duas Unidades de Conservação precisariam de suporte aéreo para a entrega das cestas. No entanto, com a intensificação da seca e o atraso na liberação do recurso por parte da Casa Civil, agora são 22 unidades que necessitam deste apoio.

Na região do Médio Solimões, 2.615 famílias serão beneficiadas com 10.460 cestas de alimentos e kits de tratamento emergencial de água, fornecidos pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.

A Ação de Distribuição de Alimentos (ADA) tem como objetivo atender, em caráter emergencial, famílias em situação de insegurança alimentar e nutricional, garantindo o direito ao acesso imediato à alimentação nas regiões atingidas pela seca e declaradas em emergência ou calamidade pública.

*Com informações da assessoria