Embora a Copa América não seja uma competição tão valorizada no Brasil, ela serve para mostrar qual o nível em que as seleções estão. Afinal, é um torneio que reúne bons jogadores e há muita rivalidade envolvida.
Com a Seleção Brasileira começando uma nova fase, sob o comando de Dorival Júnior, o torneio terá grande importância. E a pressão será maior do que a habitual, uma vez que os torcedores – e a crônica esportiva – já estão cansados da sequência de maus resultados do Brasil.
Será que Dorival conseguirá uma conquista importante já em seu início de trabalho? A Aposta Real no Brasil mostra que há diversos torcedores otimistas em razão dos dois primeiros bons jogos da seleção sob o comando do novo treinador.
Apesar disso, o Brasil vive uma crise de talentos. É verdade que há bons jogadores surgindo e outros tantos se destacando na Europa, como Vini Jr. Mas eles ainda estão muito longe do nível dos craques que o país costumava ter e, ademais, a quantidade de nomes de peso também é bastante inferior à do passado.
Isso é facilmente notado quando pensamos nas premiações de melhor jogador do mundo. Durante os anos 90 e início dos 2000, o Brasil sempre tinha jogadores brigando pelos troféus e, de fato, ganhou vários deles.
Romário (94), Ronaldo (96, 97 e 2002), Rivaldo (99), Ronaldinho (2004 e 2005) e Kaká (2007) foram os craques brasileiros que conquistaram o prêmio de melhor do mundo da Fifa. Todos eles também conquistaram a Bola de Ouro, embora não exatamente nos mesmos anos.
De 2007 para cá, porém, os jogadores brasileiros foram perdendo cada vez mais protagonismo no futebol europeu. Nos últimos anos, Vini Jr. Tem se destacado com a camisa do Real Madrid e poderá ser o primeiro brasileiro em muitos anos a ter chances reais de vencer a premiação.
Isso tudo mostra que o declínio da Seleção tem raízes mais profundas do que apenas uma sequência de trabalhos ruins. Algo tem sido feito de errado na formação dos jogadores e isso precisa ser corrigido o quanto antes.
A convocação de Dorival Júnior para a Copa América mostra o quanto o futebol brasileiro decaiu. Não que a lista seja ruim – dentro das possibilidades, ele fez boas escolhas e é claro que há bons nomes ali.
Reconhecer que o Brasil desceu muitos degraus na escala hierárquica não implica dizer que a Seleção não tem chances de conquistar títulos importantes. O Brasil, embora há muito tempo não seja favorito em grande competições, tem condições de brigar de igual para igual com qualquer adversário.
Portanto, um bom trabalho de Dorival Júnior poderá, sim, render conquistas importantes. Mas não é isso que vai reverter o atual estado do futebol brasileiro. Para isso, é preciso um trabalho de base, que busque corrigir um problema estrutural na formação de novos jogadores.