Primeiro padre a assumir o comando de uma prefeitura no Amazonas, Raimundo Carlos Goes Pinheiro (PT) afirma que a política ampliou a possibilidade dele praticar um dos maiores ensinamentos da vida religiosa: a caridade.
Pároco do Município de Maués até às vésperas da eleição do ano passado, Padre Carlos afirma que após cumprir o mandato pretende voltar ao sacerdócio. Em sua gestão, de pouco mais de seis meses, o prefeito-padre já foi alvo de manifestações populares, segundo ele comandadas por adversários políticos. A seguir a entrevista.
O que motivou o senhor a se afastar da vida religiosa e ingressar na política?
Acho que a necessidade de Maués. Nunca sonhei em ser político. Muito menos ser prefeito da minha terra. Não era um projeto pessoal nem político. Só que houve apelo da Igreja Católica, dos evangélicos, empresários, anônimos. Todo mundo se uniu e durante um ano ficaram, entre aspas, me perturbando para eu ser candidato. Aceitei ser candidato no dia 21 de junho, uma semana antes da convenção. Eu me tornei prefeito para servir. Se não for essa razão não tem sentido pra mim. Não vou trocar a tranquilidade da paróquia por essa vida turbulenta da política se não for para servir. Acredito que existe gente honesta na política. Acredito que dá para fazer uma política diferente e que dá para responder aquilo que a população almeja de você. Eu tenho feito isso. Fico muito feliz quando tenho que assinar cheque para comprar merenda escolar, quanto faço depósito para pagar médicos, comprar remédios. Fico muito feliz quando tenho que ordenar despesa que é para o bem comum da sociedade. Quando fato isso me sinto realizado.