EXCLUSIVO: Entrevista com Magno Moraes, prefeito de Maraã

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Falando com exclusividade ao Portal Tefé News, o prefeito de Maraã, Luiz Magno Praiano de Moraes, 33, (PMDB)  conta como era o seu relacionamento com o prefeito Cícero Lopes, revela de que forma encontrou a prefeitura, denunciando saques e desvio de verbas, diz o que pretende realizar nesse curto período de mandato e deixa claro que não tem nada a ver com a morte do prefeito assassinado. Confira a entrevista:

Tefé News – O que o Sr. tem a dizer sobre o que aconteceu no seu município?

Magno Moraes – Até hoje a gente não entendeu direito o que ocasionou essa tragédia. O que nós sabemos é que o prefeito tinha uma situação muito ruim na parte da sua comunicação. Ele era áspero nas suas respostas, nas suas conversas com o povo e tinha alguns problemas com as pessoas, principalmente com comerciantes, com pessoas que lhe forneciam valores e com o povo de um modo geral. Eu de forma alguma planejaria um tipo de coisa dessa, não tenho necessidade de fazer isso, apesar das acusações contra mim, apenas pela parte da família dele que não quer aceitar a realidade ou não quer saber da verdade. Eu respondo por mim: eu jamais teria necessidade de mandar fazer isso com alguém, principalmente com o prefeito, pois uma situação dessas me coloca como principal suspeito e me entristece porque as acusações continuam, mas graças à Deus só pela família. Até hoje a polícia não encontrou essa pessoa que dizem ter efetuado o disparo, tudo indica que seja ele mesmo, ele está foragido e eu não tinha motivos pra fazer isso, graças a Deus politicamente eu estou muito bem na aceitação do povo, nas ultimas pesquisas, encomendadas eu apareço em primeiro lugar. Eu estou com a consciência limpa e espero que esta pessoa que está sendo acusada apareça e esclareça os fatos. Não é bom ser prefeito da forma que me tornei prefeito, mas por outro lado eu reconheço que eu também fui votado junto com ele, eu seria irresponsável, covarde talvez se não assumisse a prefeitura porque o povo precisa de alguém que tenha boa intenção.

Tefé News – Como o Sr. encontrou a prefeitura de Maraã?

Magno Moraes – Nós sabemos que o país está em crise mas isso não justifica o abandono das coisas. Infelizmente eu estou enfrentando uma situação difícil, toda a parte física dos departamentos foram saqueadas, eu demorei exatamente um mês pra assumir a prefeitura e nesse período de um mês quem ficou a frente da administração foi o presidente da Câmara, esses dias já recebi cobranças de mais de 5 milhões de reais, inclusive até o serviço de funeral do Cícero, e só agora eu estou tomando pé da situação. Saquearam também os computadores, documentos, até as contas. Até hoje não ocorreu o pagamento dos funcionários e de alguns fornecedores porque os recursos foram extraviados, mas já estamos trabalhando e cremos que logo vamos resolver.

Tefé News – Como era o seu relacionamento com o prefeito Cícero Lopes?

Magno Moraes – Nós disputamos a eleição juntos, mas eu não concordei com a forma de administrar dele e já no sexto mês de mandato nós começamos a discordar totalmente, mas nunca nos agredimos fisicamente, simplesmente discordamos na questão administrativa. O Cícero nunca foi o gestor, nunca foi o ordenador de despesas verdadeiro, por isso que eu me distanciei porque a família tomou conta de forma generalizada de tudo. Ele só servia mesmo pra atender as pessoas. Se estressava, chamava palavrões, era muito grosseiro. Eu me distanciei também pela falta de respeito dele e da família por mim. Eu ficava em Maraã  não tinha autonomia de nada. Quem ordenava as coisa era a filha dele, a mulher dele, um irmão, genro …ou um neto, sempre foi assim. ele nunca me deu autonomia. Nunca me deu a possibilidade de ajudá-lo na administração, mas nunca nos agredimos, fazia exatamente um ano e meio que eu não falava com ele, eu não tinha mais ambiente pra permanecer na prefeitura porque pra onde eu olhava era parente do prefeito! Um nepotismo geral e  apesar disso eu nunca o denunciei, repito que apesar do nosso desentendimento jamais me passou pela cabeça tirar a vida dele ou de qualquer ser humano, pois esse direito só a Deus pertence.

Tefé News – O Sr. já está a par de como funcionava a administração?

Magno Moraes – Eu confesso que ainda não entendi a verdadeira situação. A gente percebe mais ou menos o que ocorreu, nós tínhamos 10 secretarias funcionando, duas não tem necessidade de funcionar individualmente, que é a secretaria de governo,  que será extinta, já que a secretaria de administração pode resolver todas as demandas, e a secretaria de cultura, que pra economizar recursos resolvemos incorporá-la à secretaria de educação. Hoje temos 8 secretarias. Com secretários na sua maioria jovens e filhos de Maraã: dois são pessoas que viviam na zona rural e que conhecem a realidade do município, um é o secretário de educação José Nunes e o outro é o secretário de meio ambiente Eliézio. Não tivemos nenhum tipo de negociação, nenhum é meu parente, pelo contrário eu sempre fui contra o nepotismo. O desafio é grande mas as nossas equipes estão trabalhando, não pude ir ainda até Manaus, ainda estou resolvendo a situação bancária para liberação de recursos. Até o dia 23 de março aconteceram operações que são inexplicáveis: transferências de valores para empresas que tem licitação no município que ta na cara que tem coisa errada. Mas tudo isso será apurado e enviado aos órgãos competentes para as devidas providencias.

Tefé News – Quem lhe apoiou nos momentos difíceis?

Magno Moraes – A maioria do povo, foi eles que não deixaram eu desistir! eu cheguei a entregar a prefeitura. A pressão da família do prefeito e daqueles que vivam na facilidade foi grande. Me acusavam muito e eu para provar que eu não tinha interesse na prefeitura daquela forma cheguei a entregar a prefeitura para o presidente da Câmara por um mês e eu ia renunciar, só que as pessoas foram até mim dizendo que eu não podia renunciar pois eu também fui votado e não deveria deixar o município nas mãos de pessoas que não tem responsabilidade e minha família também não aceitou que eu renunciasse, pois seria um ato de covardia e que eu não deveria abandonar o povo. Volto a repetir: Não tive nada a ver com o que aconteceu. Não tenho medo de ameaças, estou me protegendo. Estou tomando as providencias que tem que ser tomadas mas eu não vou ser covarde a ponto de abandonar a prefeitura e deixar que terminem de saqueá-la. Hoje o sentimento do povo de Maraã é de libertação.

Tefé News – E com o Legislativo? como está o relacionamento?

Magno Moraes – No início tive muitas dificuldades mesmo porque a maioria dos vereadores estava na dúvida sobre o ocorrido e eu percebia que desconfiavam de mim, depois quando as coisas foram se esclarecendo a gente foi se entendendo. Hoje praticamente toda a Câmara de vereadores, até mesmo o presidente, que tivemos alguns atritos na hora de tomar posse, já temos uma relação estável. Eu chamei cada um pra uma conversa franca, sem oferecer nada e disse que precisava muito do apoio deles, que o município precisava de um entendimento para as coisas caminharem. Hoje eu não tenho  nenhum tipo de impedimento por parte da Câmara.

Tefé News – Sobre as obras no município, o que será feito?

Magno Moraes – Tem obras em andamento que o Cícero iniciou e assim que verificarmos a disponibilidade de recursos, vamos concluir. Temos oito meses e meio para trabalhar, nós queremos melhorar a segurança, queremos recuperar  as ruas, no abastecimento de água  já iniciamos um trabalho, a iluminação precisa ser melhorada, tem a questão do aterro sanitário, que a lei não permite mais lixo a céu aberto, tem as escolas da zona rural que estão abandonadas, na saúde temos muitos problemas, na zona rural 70% das comunidades não tem iluminação própria e abastecimento de água, portanto vamos trabalhar muito pra enfrentar essas demandas. Pretendemos realizar outras obras, mas dependemos de recursos. O nosso maior adversário é o tempo.

Tefé News – Com isso tudo que aconteceu, o Sr. tem medo de sofrer algum tipo de violência?

Magno Moraes – Com essas acusações todas, principalmente pela família do prefeito, eu tive que solicitar da Polícia Militar proteção policial, eles atenderam e colocaram a minha disposição quatro policiais, que estão sempre comigo cuidando da minha segurança. É uma questão de necessidade, é claro que eu não me sinto a vontade com isso…incomoda. Mas eu agradeço por essas pessoas estarem comigo e enquanto eu for prefeito eles estarão presentes.

Tefé News – O Sr. será candidato a reeleição?

Magno Moraes – Se eu disser que sim ou que  não será uma afirmação muito precoce. Eu estou analisando as coisas. Não tive tempo ainda de conversar com as pessoas sobre isso. É natural a minha candidatura a reeleição, é um direito meu mais primeiro eu quero viver a administração, saber das possibilidades do município, ver se compensa sofrer tanto, brigar tanto, falo desde a parte financeira até a parte do reconhecimento do povo, porque o povo espera que as coisas aconteçam rapidamente; ele acha que é só entrar na prefeitura e que o dinheiro já está lá e a gente já tem que fazer e além de fazer  ainda tem que sustentar todo mundo…não é assim, você tem que fazer de forma responsável, trabalhar em benefício de todos. Eu não tenho como fazer as ações de forma individual, as ações da administração tem que abranger a todos, independentemente de lado político, portanto eu ainda não tenho essa resposta se vou continuar ou não porque está sendo muito difícil, é muito ataque, muita calúnia mas eu creio que vou ser entendido, acredito que o povo vai colaborar. recentemente fui a uma emissora de rádio no município e pedi da população  trinta dias de paciência, a situação do município não é boa: até hoje eu ainda não consegui ter acesso ao financeiro da prefeitura, eu tentei comprar merenda escolar mas os empenhos já foram todos feitos na licitação, já não tem mais recursos pra comprar a merenda escolar e mal começou o ano letivo e não tem mais merenda porque fizeram a coisa errada, como é que compraram toda a merenda escolar e já não tem merenda? como é que compraram o valor total de medicamentos e não tem remédios no hospital e nos postos de saúde? São essas coisas que me deixam preocupado.

Colaborou Marco Lopes / TeféNews