Após ter sido chamada de “Maria do Bairro” pelo deputado Wilker Barreto (Podemos) e ser acusada de tumultuar e fazer “barraco” durante sessão plenária virtual da última quarta-feira (13), a deputada estadual Joana Darc (PL) denunciará o ato de machismo na Comissão de Ética da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), no Ministério Público, Senado e Câmara Federal. “Não sei se minha denúncia será julgada procedente ou improcedente, mas de agora em diante, qualquer gracinha comigo ou com qualquer outra mulher eu denunciarei com unhas e dentes”, enfatizou.
O desabafo foi feito durante o pequeno expediente da sessão desta quinta-feira (14). Joana falou dos ataques pessoais que recebe nas redes sociais e aproveitou para repudiar atos de intolerância de gênero, incitação ao ódio e machismo. “Posso ser taxada do que for. Quem conhece meu trabalho, sabe do que verdadeiramente do que estou falando. E dentro disso quero dizer que ser chamada de “Maria do Bairro” pra mim não chega a ser uma ofensa. Pois temos várias Marias espalhadas pela nossa cidade, Estado, Brasil e pelo mundo. As Marias são mulheres que são vencedoras. Igualzinha a personagem da novela mexicana Maria do Bairro, onde muitas vezes era julgada e incompreendida, mas tinha sua personalidade e no fim das contas venceu e deu tudo certo”.
A deputada frisou que em nenhum momento ofendeu ou agrediu qualquer parlamentar. “Em nenhum momento também falei da intimidade de alguém, como fizeram comigo. Quando isso acontece é muito grave. Repudio qualquer tipo de ofensa proferida a qualquer mulher. Seja ela deputada ou não. A gente vive numa sociedade que não se acostumou ainda a entender o papel das mulheres. Quando mulheres exigem seus direitos, se posicionam, quando são mulheres aguerridas e de personalidade forte, essas mulheres são taxadas de coisas que não são, como se fossem loucas, barraqueiras, histéricas e é por conta disso que estamos perdendo mulheres todos os dias”, destacou.
A parlamentar aproveitou para alertar sobre a violência contra mulheres, lembrando que violência não é apenas física, mas pode ser verbal, moral, psicológica e financeira. “Tudo que diminua uma mulher é violência. Apelidar uma mulher é muito grave. Por mais que ser chamada de “Maria do bairro” não me ofenda, o deputado quis falar de forma depreciativa. Quis me chamar de barraqueira e dizer que o plenário estava parecendo uma feira”.
Joana lembrou que assim como Maria do Bairro, ela também veio de baixo. “Assim tem sido minha vida. Somos mulheres vencedoras. Cada uma com sua história de vida. Meus pais são servidores públicos. Meu pai não tem nem o quarto ano do ensino fundamental. Eu estudei minha vida toda em escola pública, passei nas faculdades estaduais e federais, exerci a faculdade de direito sendo bolsista integral do Prouni, desde sempre sou protetora de animais. Diferente da Maria do Bairro que catava lixo, que acho muito digno, eu desde criança cato cachorro da rua, com muito orgulho. Às vezes até sendo vista pela classe política como alguém que não tenho raça, que sou uma sem raça definida. Isso pra mim é orgulho”, finalizou.
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