Tecnologia propõe distribuição localizada de acesso à comunicação em áreas remotas

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O modelo é formado por um balão, com um equipamento acoplado, que recebe o sinal e redistribui para uma área. Foto: Antônio Martinelli

Imagine uma expedição de pesquisa para uma unidade de conservação no Amazonas, distante das cidades e sem comunicação. Essa é uma realidade rotineira nas atividades da equipe de trabalho do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. O projeto Artes (Aeróstato Remoto de Telecomunicação e Sensoriamento) propõe contribuir com soluções para esse desafio, além de outras possibilidades de aplicação da tecnologia.

O modelo é composto por um balão suspenso com gás hélio, que possui uma base acoplada com equipamentos, como uma antena de recepção de sinal. O balão pode ser instalado em qualquer localidade próxima a uma torre de transmissão de sinal de internet. O equipamento recebe o sinal e redistribui para uma área de aproximadamente 400 metros de diâmetro. Durante os testes, o balão alcançou 150 metros de altura, o que garantiu a redistribuição de sinal para a área abaixo do balão.

No último mês, foram realizados os testes do modelo produzido para o projeto, na sede do Instituto Mamirauá em Tefé (AM), e os resultados demonstraram que a tecnologia é eficaz para a transmissão de sinais de comunicação. O projeto Artes é executado pelo Instituto Mamirauá, Instituto de Computação da Universidade Federal do Amazonas, Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer e pela empresa ômega Aerossystems. O projeto é financiado pela Fundação de Amparo à pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

“O modelo é um intenso apoio para prover conexão e facilidade de acesso à comunicação, via internet ou telefonia para as unidades itinerantes do Instituto, em locais onde não existe conexão disponível. Então, para todos esses grupos, que vão a esses pontos remotos em comunidades ribeirinhas ou realizando ações dentro da floresta, o modelo pode ser um ponto de apoio”, comentou Francisco Freitas Júnior, coordenador de Tecnologia da Informação do Instinto Mamirauá.

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“Os testes realizados foram uma experiência única de trabalho em equipe e dedicação. Sucesso nunca é resultado do acaso. Neste caso foi fruto do trabalho bem feito e comprometido de todos os parceiros presentes, o Instituto Mamirauá, o ICOMP e a empresa Omega Aerosystems”, comentou José Reginaldo Hughes, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

As dificuldades do acesso à comunicação na região são comuns em função da falta de energia elétrica para grande parte da população em localidades isoladas da Amazônia. A grande extensão das áreas florestais e a distância entre os municípios são pontos que dificultam a distribuição de energia. Para a funcionamento dos equipamentos do projeto, é necessária a instalação de uma estrutura básica de energia solar fotovoltaica, que garante a alimentação elétrica dos equipamentos.

Francisco Júnior enfatiza que o balão é uma alternativa à instalação de torres de transmissão, que dependem de alto investimento e obras de infraestrutura. “Para instalar uma torre, que ocupa um espaço muito grande, precisa de uma interferência na paisagem, de abrir uma clareira na floresta, um alto esforço de equipe para instalação e alto custo de manutenção. O balão pode receber daquele ponto mais distante e redistribuir o sinal guarda-chuva para prover internet para uma expedição de campo ou para uma pequena comunidade, coletar dados de sensores instalados na floresta, são muitas aplicações”, disse. O principal diferencial do equipamento é a mobilidade, já que é possível encher e esvaziar o balão de acordo com a demanda pelo serviço.

Algumas possibilidades de aplicação da tecnologia seriam, como destacou Francisco Júnior, em projetos temporários itinerantes, e também para inclusão digital em comunidades ribeirinhas, para o monitoramento, por exemplo, com a instalação de sensores no chão da floresta, ou envio de informações das armadilhas fotográficas utilizadas em pesquisas científicas.

O teste de conceito do modelo demonstrou o funcionamento do projeto para o fim pretendido. “Precisávamos saber se esse conceito de um balão com uma gôndola, com antenas de internet construídas com uma determinada angulação, jogando sinal a uma determinada distância funcionaria, medir esse nível de sinal. Tudo isso foi validado”, contou Francisco Júnior. De acordo com ele, o próximo passo seria a construção de uma versão piloto do modelo para aplicação.

Com informações da Assessoria