Populares fizeram justiça com as próprias mãos no município de Fonte Boa, interior do Amazonas. O suspeito de estuprar e assassinar uma criança de 10 anos e enconder o corpo debaixo da cama, identificado como Ronald Gomes Borges, 28, foi linchado e esquartejado em via pública na noite desta sexta-feira (17).
Conforme a polícia, o crime ocorreu na última quinta-feira (17), a vítima teria ido a casa do suspeito ajudá-lo a fazer os produtos que o mesmo vendia e acabou levando a menina para o quarto, a estuprou e a enforcou até a morte.
Ao ver o que tinha feito, ele escondeu seu corpo embaixo da própria cama. Ele ainda tentou passar o dia normalmente, porém quando chegou no final da tarde, o suspeito levou a esposa para lanchar em uma praça e contou o que havia feito e pediu a ajuda dela para “se livrar” do corpo.
Horrorizada, ela teria feito um escândalo no local chamando-o de assassino, momento em que o mesmo fugiu. A mulher então procurou a família da vítima, que estava fazendo buscas pela criança, e contou o que havia ocorrido. Eles que fizeram a retirada do corpo da menina debaixo da cama do suspeito.
A polícia foi acionada e o suspeito foi preso em uma estrada e levado a delegacia onde teve sua prisão decretada. Porém, na noite de ontem, populares revoltados invadiram o local e o retiraram da cela.
Ronald foi espancado até a morte, teve seu corpo esquartejado e depois queimado. Sua cabeça ainda foi pregada em um pedaço de madeira como se fosse uma espécie de troféu. Não satisfeitos, os populares ainda chegaram a depredar a delegacia e incendiar três viaturas policiais.
SSP
Devido ao ocorrido a Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-AM) enviou reforço policial para o município na manhã deste sábado (18), depois que populares depredaram a delegacia e viaturas, e mataram Ronald Gomes Borges, que estava preso pelo crime de estupro de vulnerável.
De acordo com o delegado geral adjunto, Orlando Amaral, hoje foram enviados policiais civis do Grupo de Força Especial de Resgate e Assalto (Fera), perito criminal. Ontem, reforços policiais militares dos municípios de Tefé, Coari e Manacapuru foram para a cidade. Os policiais civis já iniciaram as investigações para identificar quem foram os autores do homicídio de Ronald.
“A delegacia foi apedrejada, a viatura da PM foi danificada. O Estado não pode permitir que a população promova essa desordem, o Estado tem que se posicionar, então essas pessoas serão identificadas e serão punidas, pois também cometeram crime. Estamos enviando policiais para apurar os fatos, vamos identificar nas imagens, se tiver que efetuar a prisão em flagrante de quem fez isso, vamos efetuar, senão vamos trabalhar com prisão preventiva. Os detalhes estão sendo apurados”, afirmou Orlando Amaral.
Conforme o chefe de Estado Maior da Polícia Militar, coronel Ronaldo Negreiros, nos vídeos é possível ver um grande número de pessoas invadindo a delegacia, ateando fogo às viaturas e jogando pedras. No local, haviam policias civis, militares e guardas municipais.
“Nós temos ali aproximadamente 15 policiais. Nós repelimos a ação, a justiça pelas próprias mãos, pois temos um Estado de Direito, e esse estado precisa ser respeitado. O crime em si é hediondo, mas nós somos braço armado do Estado, somos responsáveis por conter, prender e colocar o indivíduo à disposição da justiça. Com essa ação criminosa, quem vai ficar prejudicado pelo trabalho da polícia vai ser a população do município, pois temos viaturas danificadas, uma delegacia danificada. Então nós repudiamos esse ato em si. Um crime não pode justificar a prática de outro crime”, comentou o coronel.
Sobre dois disparos efetuados, o chefe de Estado Maior garantiu que a polícia agiu de forma correta e que um erro poderia ter gerado uma situação prejudicial à população de Fonte Boa. “A reação foi à altura. O policial teve que fazer uso da força na mesma proporção. Hoje, a informação que temos é que o município está pacificado, está tranquilo”, finalizou o coronel Ronaldo Negreiros.
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