Com o intuito de oferecer alternativas turísticas para o público que visitar Manaus durante o período da Copa do Mundo 2014, em junho, o Governo do Estado, por meio da Empresa Estadual de Turismo (Amazonastur), vai apoiar a divulgação de dois novos roteiros turísticos ainda não reconhecidos pelas agências que operam no segmento. Um deles é a comunidade de Tumbiras, localizada no município de Iranduba (a 25 quilômetros de Manaus) e que leva cerca de 1h de barco saindo da Capital. A outra rota é a comunidade Santa Helena do Inglês, também em Iranduba (a cerca de 40 minutos de barco de Manaus). As duas comunidades estão localizadas numa área definida como Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro.
Ambos os roteiros são uma opção que promove o contato com a natureza sem danos ao meio ambiente. Os lugares estão estruturados com hospedagem, alimentação com culinária regional, além de alternativas de lazer como focagem de jacaré, pesca esportiva, trilha na selva e banho de rio.
A proposta de incluir as duas comunidades foi desenhada pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS), que vendeu a ideia para o Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente (PNUMA), que desenvolve a campanha “Passaporte Verde”, que adotou Manaus como roteiro verde entre as cidades brasileiras que sediarão a Copa no Brasil.
A divulgação do turismo comunitário ganhará força a partir da primeira semana de junho somando esforços dos agentes da Amazonastur, que compartilharão as informações dos roteiros para os operadores de turismo locais e através do web site do órgão www.visitamazonas.am.gov.br. O reforço também terá dimensões internacionais através da campanha ‘Passaporte Verde’, pelo site www.passaporteverde.gov.br.
Atividades com botos – O roteiro comunitário ainda inclui uma parada no flutuante Recanto do Boto, também em Iranduba. O local já é indicado nos pacotes turísticos vendidos pelas agências de turismo, mas entrou na indicação do turismo sustentável por tratar de forma exemplar da atividade com os botos.
De acordo com a coordenadora de projetos técnicos da FAS, Michelle Costa, a premissa para incluir essas comunidades como alternativa turística ganhou apoio do Governo do Estado principalmente por valorizar e desenvolver esses locais de forma sustentável e promover o lucro coletivo.
“O Turismo nessas áreas beneficia a comunidade inteira que se preparou coletivamente para receber o turista”, disse Michelle ao fazer menção aos cursos de capacitação, aprimoramento de artesanato e manejo florestal ofertados para os membros da comunidade. Os cursos tem parceria da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam) e, principalmente, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS).
Qualidade de vida – Um exemplo desse ganho coletivo está na mudança de vida do líder da comunidade Tumbira, Roberto de Mendonça, 39, que atualmente é dono da pousada Garrido, que tem capacidade para receber até 20 turistas para pernoite. Mendonça vivia, há pouco mais de dois anos, da extração ilegal de madeira. Depois de ser quase preso ele buscou no turismo sustentável uma nova forma de manter a família.
“Desde pequeno só conhecia um meio de sobrevivência que era pela extração da madeira. Agora minha qualidade de vida é outra”, disse o comunitário, enfatizando que as trilhas abertas antigamente para a extração da madeira agora serão utilizadas para visitação do turista.
Na comunidade Santa Helena do Inglês, as expectativas são grandes para a Copa. Com investimento de R$ 100 mil arrecadado pelas 70 famílias da área, através do pagamento do Bolsa Floresta, eles conseguiram construir uma pousada com oito quartos e capacidade para 32 pessoas em pernoite. “Foi um esforço coletivo onde todos os comunitários ajudaram para erguer a pousada”, lembrou o pescador.
Custos – As duas comunidades demandam um acesso por meio de barco. Na comunidade Tumbira, o translado conta com uma lancha própria com capacidade para 14 pessoas por viagem. O preço chega a R$ 100 por pessoa. Três noites na comunidade custa em média R$ 800 por pessoa, incluindo alimentação e as atividades de lazer.
Na comunidade Santa Helena do Inglês, o translado fica por conta do cliente, que tem alternativa de fretar uma lancha no porto da Manaus Moderna ou porto do São Raimundo, em Manaus. Os preços de hospedagem e alimentação são semelhantes ao da comunidade Tumbiras.
FOTO: ALEX PAZUELLO/AGECOM