Com a assinatura do contrato de financiamento junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o novo Programa Social e Ambiental de Manaus e Interior (Prosamin+) avança, neste final de ano, com obras nas comunidades da Sharp e Manaus 2000.
Em paralelo, segue também com o pagamento das indenizações para as 2.580 famílias que serão reassentadas. A prioridade, neste primeiro momento, é para as que estão na faixa de risco de alagação, na Comunidade da Sharp, para que passem a ocupar moradias seguras, muito em breve. Até o momento, já foram pagos R$ 3,2 milhões em indenizações, fundo de comércio e bônus moradia.
Executado pela Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) do Governo do Amazonas, o Prosamin+ compreende uma área que vai da Comunidade da Sharp, no bairro Armando Mendes, zona leste, até a Manaus 2000, no Japiim, zona sul. As obras no local são de saneamento básico, urbanização, mobilidade urbana e habitação.
Mesmo antes da assinatura do contrato com o BID, o Governo do Amazonas já havia iniciado, com recursos de contrapartida, a construção do primeiro residencial do Prosamin+, que está sendo erguido na avenida Rodrigo Otávio, na zona sul. Recentemente, foi também assinada a ordem de serviço para a obra de outro habitacional, que será construído na Cachoeirinha, na mesma zona da cidade.
O Prosamin+ envolve recursos da ordem de U$ 114 milhões, sendo U$ 80 milhões de empréstimo do BID e a contrapartida de U$ 34 milhões do Governo do Estado. O programa terá impacto direto na vida de pelo menos 60 mil pessoas que serão beneficiadas com obras diversas, moradia digna, ações sociais e de educação ambiental.
O programa, que pela primeira vez alcança a zona leste de Manaus, uma das mais populosas e carentes de infraestrutura, traz também inúmeras inovações. Uma delas é que os conjuntos habitacionais terão nova tipologia e uma forma mais moderna e integrada à arquitetura da cidade. Procuramos, no projeto, atender ao morador em sua plenitude, colocando ali elementos do seu cotidiano, sua cultura, seus costumes, a forma como se organiza e interage com os ambientes da casa.
Com base nessa nova tipologia, foram projetadas varandas integradas às áreas de convívio comum, de forma a permitir uma relação da unidade habitacional com o exterior, para que o morador possa aproveitar a paisagem e interagir com a vizinhança. O projeto também optou por um conceito mais aberto nas áreas sociais e de serviço, garantindo maior amplitude e integração dos ambientes.
Os apartamentos do Prosamin+ são maiores em relação aos que foram construídos em etapas passadas do programa. Possuem salas de estar e jantar integradas, banheiro social, dois quartos, cozinha e área de serviço, mais acessibilidade, vaga de garagem, sistema de combate a incêndio e estão preparados para a instalação de ar condicionado Split. Por terem toda a estrutura exigida pelos órgãos fiscalizadores, já serão entregues aos moradores com o título definitivo de propriedade.
A utilização de “brise-soleil” (quebra-sol) na composição da fachada dos prédios vai dar um ar de modernidade e, além da estética, cumprir o propósito de protegê-la contra a radiação solar. Também pensando na proteção contra o calor, o projeto paisagístico fez uso do plantio de árvores para promover o sombreamento em volta dos prédios.
Os blocos de apartamentos terão quatro pavimentos, cada um com duas unidades habitacionais. Por se tratar de um bloco mais linear, permite que todos os cômodos tenham abertura para o exterior, o que favorece sua iluminação e ventilação natural, proporcionando ambientes claros e arejados.
A preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade também estão presentes no projeto arquitetônico. Nas áreas comuns, por exemplo, os conjuntos residenciais terão captação de águas pluviais, para uso na irrigação paisagística, lavagem de veículos, de pisos, entre outros. Terão iluminação em LED e o asfalto será substituído por piso permeável. Será instalado um sistema fotovoltaico, que permitirá ao morador diminuir consideravelmente os gastos com energia.
O projeto arquitetônico, no novo Prosamin+, procurou não somente distribuir bem os espaços e identificar os materiais mais adequados para cada ambiente. O desafio exercitado foi o de ver a obra de uma maneira mais humana e, com as soluções encontradas, promover um impacto positivo sobre a vida das pessoas que ali irão morar, em forma de qualidade de vida e bem-estar social.
Marcellus Campêlo é engenheiro civil, especialista em saneamento básico; exerce, atualmente, o cargo de coordenador executivo da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) do Governo do Amazonas.