Instituto Mamirauá testa métodos de caça para monitorar pacas na Amazônia

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Presente em países da América do Sul e Central e no México, a paca (Cunilus paca) é um animal relativamente comum, porém pouco estudado. Um dos motivos para falta de dados é, segundo o pesquisador do Instituto Mamirauá, Hani Bizri, que a “paca é um animal tímido e difícil de visualizar”. Assim, o Instituto Mamirauá vem testando novos métodos para obter informações usando maneiras tradicionalmente aplicadas por comunidades para a caça de subsistência, visando rastrear e capturar os animais. A coleta de dados poderá subsidiar futuras estratégias de conservação da espécie na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã, local do estudo. 

 “Percebi que as técnicas normalmente utilizadas para estimar o tamanho da população de pacas geravam poucos resultados, principalmente aqui na Amazônia. Assim, pensei que as técnicas de caça dos ribeirinhos poderiam ser utilizadas como métodos mais eficazes, já que se eles caçam, eles  necessitam detectar indivíduos da espécie. De alguma forma, eles conseguem chegar perto do animal”, comentou o pesquisador.

 A pesquisa vem utilizando duas técnicas: a focagem e a busca ativa com cães. Na focagem, Bizri consegue estimar o número de indivíduos em uma região, já que “este método é silencioso e menos invasivo”. A técnica consiste em navegar em uma canoa durante a noite e, com o auxílio de uma lanterna, jogar um feixe de luz na margem. A reflexão pelos olhos da paca faz com que os pesquisadores consigam vê-las e estimar o número de animais.

 Já a busca ativa com cães é uma técnica que visa capturar a paca. Os cães espantam-nas de suas locas para que os pesquisadores consigam conter e anestesiar o animal. Dessa forma, eles conseguem marcar o animal, coletar material biológico e, posteriormente, devolvem a paca à floresta. O sucesso desta técnica foi assustador. Em uma semana de capturas, a equipe marcou e coletou material de sete pacas.

 “Já senti que estes métodos de caça estão servindo melhor para obtermos dados do que os métodos científicos tradicionais. A técnica de focagem poderia ser utilizada na Amazônia como um todo, já que o terreno ajuda e os rios são navegáveis. Outro método utilizado para captura de pacas são as armadilhas, mas o pesquisador sempre tem que ir verificá-las. Caso capture, o animal pode ficar um longo período preso. E, a paca é um animal muito sensível, fica se debatendo e se machuca na armadilha”, confirmou Bizri.

Texto: Paulo Henrique Araujo

Foto: Hani Bizri