O Governo do Amazonas inaugura, na quinta-feira, 25 de agosto, a primeira indústria de bacalhau da Amazônia. Única da América do Sul, a unidade foi construída em Maraã (a 635 quilômetros de Manaus) e tem capacidade para processar até 1,5 mil toneladas de pescado por ano. Com a operação da indústria, cerca de 5.150 empregos serão gerados, dos quais 5 mil indiretos, em Maraã, no município vizinho Fonte Boa e entorno, o que corresponde a 13% da população das duas cidades.
A indústria em Maraã é resultado de um convênio firmado entre a Secretaria de Produção Rural do Amazonas (Sepror) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência e Tecnologia, no valor de R$ 1,2 milhão. A estimativa da Sepror é que o faturamento da fábrica alcance R$ 37,5 milhões com a produção de 1,5 mil toneladas de pirarucu e outros peixes por ano, considerando a tonelada no valor de R$ 25 mil no mercado.
Inicialmente, a indústria de salga será administrada por meio de parceria entre a Sepror e a Associação Amigos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, que também participa do projeto. O pescado será comprado das comunidades do município e entorno e, após processado e vendido, terá seu lucro dividido entre os fornecedores do pescado. A expectativa é transferir a administração da unidade para organizações de produtores do município, após um programa de capacitação que será coordenado também pela Sepror.
Fonte Boa (a 680 quilômetros de Manaus) também se prepara para inaugurar, ainda este ano, outra unidade de beneficiamento de pescado, que vai produzir o bacalhau da Amazônia, além de processar outros tipos de pescado. O investimento, da ordem de R$ 2 milhões, é fruto de convênio com a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), e vai resultar em uma fábrica com capacidades para produção de até 3 mil toneladas por ano, com faturamento da ordem de R$ 75 milhões.
A escolha dos municípios de Maraã e Fonte Boa deve-se ao fato da região produzir 85% do pirarucu manejado do Amazonas, na reserva de desenvolvimento sustentável Mamirauá. Mas nem só Mamirauá vai abastecer as indústrias. As demais reservas sustentáveis do Estado também abastecerão as fábricas com o pirarucu e outros pescados.
O pirarucu é uma das espécies de peixe que pode ser utilizada para produção do bacalhau, um subproduto gerado por meio do processo de beneficiamento, a salga, que, no Amazonas, seguirá padrões europeus. Atualmente, cinco peixes são utilizados para a transformação em bacalhau: o Gadus morhua, o Saithe, o Ling, o Zarbo e o Gadus macrocephalus. Peixe exclusivo da bacia amazônica, o priarucu pode atingir até três metros de comprimento e pesar até 250 quilos. Além da carne, grande parte do peixe pode ser utilizada comercialmente, a exemplo das escamas, língua e pele.
Beneficiamento – Sessenta por cento do peixe processado é transformado em mantas (filé), dos quais 65% são aproveitados pelo processo de salga. No processo de beneficiamento, é feito inicialmente a remoção da escama e descabeçamento, que geram subprodutos, como as escamas e a língua, que podem ser aproveitadas para o artesanato. Com a retirada das vísceras, é possível obter outros subprodutos, como o fígado, vesícula, coração e pulmão, que podem ser utilizados na produção de patês, óleos, farinhas e extratos.
Retorno social – O projeto das indústrias de salga inclui a instalação de creches para as funcionárias e pescadores que tiverem filhos, a construção de áreas de lazer e o principal: a participação no lucro do empreendimento por parte dos pescadores que fornecerem matéria-prima para a indústria.
Fonte: Agecom