O faturamento gerado para manejadores de pirarucu bateu recorde em 2013. Superando o valor de 2012, que girou em torno de R$ 1,7 milhão, os manejadores dividiram um total de aproximadamente R$ 2,2 milhões. O sistema beneficiou diretamente 1.413 pescadores divididos em 31 comunidades, três colônias e um sindicato de pescadores,. O aumento no faturamento deve-se ao número maior de peixes capturados, equivalente a quase 35%.
Além desse aumento, o ponto fundamental foi chegar próximo da cota pré-estabelecida conjuntamente pelo Instituto Mamirauá e os manejadores. O total de peixes capturados foi de 98,4% do número máximo que poderia ser pescado. “Diante das condicionantes ambientais, o planejamento dos grupos foi determinante para a captura de quase toda a cota autorizada, superando as expectativas”, disse a coordenadora do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá, Ana Cláudia Torres.
Para Ana Cláudia, o sucesso do manejo se deve, principalmente, à organização dos pescadores. “O manejo tem objetivo de auxiliar grupos a melhorar suas condições de vida, o que passa pela conservação do recurso, mas também pela inclusão social desses pescadores, como no caso dos pescadores urbanos, que antes não podiam pescar na área das Reservas, e agora podem compartilhar o uso desse recurso. O manejo é a porta de entrada para se discutir cidadania, levando-os a perceberem a força que esse segmento de trabalhadores têm”, disse.
Melhorar a comercialização
Apesar do aumento da receita bruta média para cada pescador, R$1.607,70, o valor de venda do pirarucu sofreu uma leve diminuição, R$5,54/kg em 2012 para R$5,28/kg em 2013. O baixo preço se deve às dificuldades geradas pela competição com o produto ilegal. “O comércio de pirarucu ilegal é determinante para a queda do preço do pirarucu manejado. O pescador que vende o peixe ilegal tem um custo de produção muito pequeno em comparação a quem maneja e precisa ao longo do ano participar de reuniões e treinamentos; realizar rondas de vigilância e efetuar reparo em equipamentos e bases flutuantes de apoio à produção”, comentou a coordenadora.
Definir junto aos grupos de manejo estratégias para elevação do preço do peixe é o desafio atual do Programa de Manejo de Pesca Instituto Mamirauá, visto que os grupos já conseguem conduzir as etapas práticas do manejo. “Nós temos o cuidado de não incentivar os grupos a pleitearem cotas maiores, para compensar o preço baixo ofertado pelo produto”, explicou Ana Cláudia. Iniciativas como a adotada pela Colônia de Pescadores de Tefé, de investir em uma fábrica de gelo para ter maior autonomia no planejamento de suas pescarias e já pensar na aquisição de um frigorífico, podem garantir melhor desempenho na negociação e melhores preços.
Texto: Paulo Araújo
Foto: Bruno Kelly