O Instituto Mamirauá recebeu, na última semana, mais um filhote de peixe-boi órfão. Cassí, como foi chamada pelos moradores que a encontraram, é uma fêmea de 45 quilos e 1,25m. O espécime está sob os cuidados do Centro de Reabilitação de Peixe-boi Amazônico de Base Comunitária do Instituto Mamirauá, localizado na Reserva Amanã. “Cassi é forte, saudável, bonita e teve apenas pequenos arranhões”, disse Guilherme Guerra, veterinário do centro. Segundo relato dos moradores, o animal foi capturado acidentalmente em uma rede pesca.
Quem a encontrou, no dia 21 de agosto, também afirmou que procurou a mãe por cerca de uma hora no local da captura, mas não a localizou. Desde esse dia, os moradores tentavam entrar em contato com o Instituto Mamirauá, o que só ocorreu quatro dias depois. O peixe-boi fêmea permaneceu na Comunidade do Betel, que fica há cerca de três horas do centro de reabilitação. A viagem também é um momento de estresse para o animal: “Sinais de estresse foram observados como arqueamento de cauda. Já no centro e no tanque, Cassí fazia um movimento rotatório, virando de barriga para cima constantemente. Parece que ela está brincando, mas isso é sinal de estresse. A perda da mãe também contribuiu para o animal ficar estressado”, diz Guilherme.
Cassí está em período de quarentena, permanecendo sozinha num tanque de 4500 litros e isolada dos demais, habituando-se ao cativeiro, o que inclui tratamento clínico e adaptação ao aleitamento artificial. Com Cassi, o centrinho passa a ter oito peixes-boi em reabilitação, dois machos e seis fêmeas. O centro recebe ou resgata e cuida de filhotes órfãos dessa espécie que ficam presos em redes de pesca, além dos que ficaram sozinhos em ambiente natural porque a mãe foi caçada.
Diariamente, a equipe do centro prepara as mamadeiras logo cedo, por volta de sete horas. O animal toma a primeira refeição por volta de 7h30, quando a água da piscina é substituída e o tanque limpo. Com o tanque vazio, ela passa pelos procedimentos clínicos e no restante do dia recebe mais quatro mamadeiras. Uma vez por semana Cassí é pesada. O aumento do peso é um indicador de que o peixe-boi está se adaptando bem ao cativeiro e está saudável.
“O nosso objetivo é reabilitar os animais no menor tempo possível, no máximo em dois anos. Nesse período, os animais precisam ficar bem de saúde, crescer e ganhar peso suficiente para que eles possam ter mais chances de sobrevivência após a soltura em vida livre”, disse Guilherme. O resgate de Cassí é resultado das iniciativas de educação ambiental do Instituto Mamirauá, acredita o veterinário. Desde janeiro, comunidades recebem a visita de uma educadora ambiental que vem conscientizando ribeirinhos sobre o trabalho do centro e a importância de preservação da espécie.
O Instituto Mamirauá está planejando uma nova soltura de peixes-boi. Sete, dos oito animais que estão no centro, já desmamaram e poderão ser soltos em breve. Um cinto equipado com transmissor de sinais de rádio será instalado nos espécimes e eles serão monitorados em ambiente natural.
Fonte: Ascom
Foto: amanda Lelis