Primeiros réus do massacre do Compaj são condenados em regime fechado no AM

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Foto: Agencia Brasil
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Dois réus foram condenados à prisão em regime fechado pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) no primeiro julgamento relacionado ao Massacre do Compaj. A decisão foi proferida na noite de sábado (13/12) pela 2.ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Manaus.

Anderson Silva do Nascimento e Geymison Marques de Oliveira são os primeiros julgados pelos crimes cometidos durante a rebelião ocorrida em 1.º de janeiro de 2017, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, que resultou na morte de 56 detentos.

Ao final da sessão, o colegiado decretou a prisão imediata de Geymison Marques de Oliveira, que respondia ao processo em liberdade. Anderson Silva do Nascimento já estava preso e participou do júri de forma presencial, no Fórum de Justiça Ministro Henoch Reis.

Geymison participou do julgamento por videoconferência. A defesa alegou que ele vinha sofrendo ameaças de morte, o que justificaria a ausência física no plenário.

Julgamento histórico e de longa duração

O julgamento do processo nº 0211356-90.2018.8.04.0001 teve início na terça-feira (09/12) e se estendeu por cinco dias consecutivos. A sessão é considerada uma das mais longas e complexas já realizadas pelo Tribunal do Júri do Amazonas.

Além do colegiado de juízes, atuaram no caso quatro membros do Ministério Público do Amazonas (MPAM), dois defensores públicos e um advogado de defesa.

Crimes pelos quais os réus foram condenados

Os dois acusados foram condenados pelos seguintes crimes:

Lista de condenações

  • 56 homicídios consumados
  • 1 homicídio tentado
  • 45 crimes de vilipêndio de cadáver
  • 1 crime de tortura
  • Integração em organização criminosa

As condenações refletem a gravidade dos fatos ocorridos durante a rebelião no Compaj, que chocou o país.

Logística reforçada e inovação no júri

Segundo o TJAM, o julgamento exigiu uma operação logística de grande porte devido à dimensão do caso e ao envolvimento de organizações criminosas. Mais de 100 profissionais atuaram diretamente no júri, incluindo magistrados, promotores, defensores, oficiais de Justiça, jurados, além de equipes da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e profissionais de saúde.

Medidas adotadas durante o julgamento

Entre as inovações no procedimento, o colegiado destacou:

  • Policiamento reforçado durante todos os dias
  • Equipe médica de plantão ininterrupto
  • Uso de duas urnas para coleta de votos
  • Quesitação parcialmente em bloco
  • Utilização de placas de sinalização para manifestação das partes

As medidas buscaram dar mais agilidade ao julgamento e reduzir o desgaste dos jurados diante do grande número de crimes analisados.

Outros julgamentos ainda serão realizados

Este é o primeiro de um total de 22 processos relacionados ao Massacre do Compaj. Considerado o segundo maior massacre em presídio no Brasil, em número de vítimas, o caso só perde em dimensão para o episódio do Carandiru.

De acordo com o TJAM, os demais processos deverão ser pautados pela 2.ª Vara do Tribunal do Júri ao longo do ano de 2026.

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