Governador José Melo rebate denúncias de compras de voto nas eleições de 2014

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O governador José Melo (Pros) rebateu na manhã desta segunda-feira (9), em entrevista a uma rádio local, as denuncias feitas em reportagem nacional veiculada na noite deste domingo (8) de que teria participado de um esquema de compra de votos no pleito de 2014.

Segundo Melo, todas as acusações feitas na matéria fazem parte de uma ‘jogada política’ do ministro de Minas e Energias, Eduardo Braga, oponente derrotado do governador nas eleições do ano passado.

“Em nenhum momento apresentaram de forma muito clara as acusações. Essa eleição foi diferente, ganhamos com uma grande diferença de votos. Seria muito estranho, mais de 879 mil pessoas serem compradas para me eleger”, disse.

Entre as denúncias apresentadas na reportagem, uma empresária identificada como Nair Queiroz Blair teria usado a estrutura de uma igreja como comitê da campanha, para comprar votos para Melo.

Em resposta ao envolvimento de Nair, o governador José Melo afirmou que o local apresentado nunca fez parte do comitê de sua campanha.  “Eles apresentaram um local que nunca fez parte do meu comitê e aquela senhora nunca foi coordenadora e não tinha nenhuma delegação para responder sobre a minha campanha. O flagrante que foi feito pela policia federal, foi feito em local que não era meu comitê. Era uma reunião de pastores que também não tinham a ver com a minha campanha. Agora se ela votou em mim, pediu votos isso é só ela que pode dizer”, comentou.

A mulher também teria dado recibos que ‘comprovam’ que o governador teria comprado votos que teriam financiado a formatura de uma turma de formandos, a compra de óculos e até reforma de túmulos.  Na reportagem quem dava o dinheiro para esses pagamentos era o irmão do governador, Evandro Melo.

“Aqueles recibos qualquer pessoa poderia fazer e apresentar. Eu ganhei a eleição pelas minhas propostas e minha história de vida. Você acha que eu reformaria túmulo em troca de voto? Mas tudo isso nos vamos provar no campo certo. Essa não foi à única armação que foi feita pelo Eduardo Braga, vem outras armações por aí com toda a certeza, mas nos estamos preparados”, disse.

O governador se referiu durante a entrevista ao caso da prisão dos assaltantes a uma agência bancária em um assalto ‘cinematográfico’ durante a campanha eleitoral. Melo afirmou que os “bandidos teriam sido contratados por Eduardo Braga para criar um clima de insegurança na cidade, e que existe um inquérito policial sobre o assunto”.

A respeito também de outra reportagem, veiculada durante a campanha, que Melo teria ligação com presidiários, o chefe do executivo disse que após os resultados das eleições foi comprovado que ele não era ‘amigo de bandido’.  “Eu perdi dentro das penitenciarias, quem é realmente amigo de bandido, sou eu né?”.

Sindicância

Sobre o fato de que Nair Blair teria recebido R$ 1 milhão em um contrato com a Secretaria de Segurança para Grandes Eventos para prestar serviço de complementação e solução de tecnológica de monitoramento em tempo real móvel durante a Copa do Mundo, o governador determinou a Casa Civil que abra uma sindicância para apurar as acusações.

“Tivemos na Copa do Mundo uma serie de encargos impostos pela Fifa, que teriam que ser realizados sob pena de não ter a realização do evento em Manaus. Um desses encargos era proteção das delegações.  Agora só quem pode dizer  se essa acusação é verdade é o resultado que vai sair com a sindicância, que foi determinada por mim na noite de ontem”.

Para finalizar, o governador garantiu que irá se defender das acusações em campos próprios.  “Não estão respeitando a vontade do povo. O outro candidato não se conforma por ter perdido a eleição pelos próprios erros, pela forma arrogante que sempre tratou as pessoas e a coisa pública. Esses erros fizeram com que o povo o reprovasse e agora ele quer proporcionar um terceiro turno desrespeitando a vontade do povo”.

Melo complementou afirmando que muitas armações foram feitas durante a campanha, mas acredita que o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) julgará de forma correta todas as acusações.

“Em todos os aspectos vou me defender, se eu tivesse ganhado a eleição com uma diferença mínima eu estaria preocupado, mas eu ganhei com uma grande diferença, comprovando vontade do povo, e tenho confiança que o tribunal levará em consideração isso”, concluiu.

Repercussão

O líder do governo na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), Sidney Leite (Pros) comentou que a reportagem exibida se tratava de uma “derrota ainda não engolida” por Eduardo Braga. “Ele não engoliu a derrota, se tivéssemos casos de corrupção no pleito, outros candidatos que estavam disputando também teriam entrado com processos. O TRE considerou as eleições tranquilas durante os dois turnos. O interessante é que as eleições foram em outubro e só agora essa matéria foi veiculada”.

Para o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, as acusações feitas durante a reportagem são inconsistentes.  “Foram inconsistentes as acusações, o Eduardo Braga está tirando a paz de Manaus. O Amazonas precisa trabalhar, eu não pude dizer ainda ao governador que sou contra extinção da Secretaria de Estado de Ciência Tecnologiae Inovação (Secti), por conta dessa armação. Melo acordou e percebeu que estão querendo tirar no tapetão o que ele ganhou nas urnas”, disse o prefeito.

Arthur ainda deixou uma recomendação para Braga “minha recomendação ao ministro é que ele ilumine a cidade, porque ontem metade de Manaus não viu a armação dele, porque estava às escuras. Deixe o governador trabalhar”.

Por Kattiúcia Silveira (equipe EM TEMPO Online)